Reunião com personagens do Telegram reforça que campanha política de Dallagnol começou no MPF

Deltan Dallagnol esteve na quinta-feira, 7 de abril, em Ponta Grossa, a capital da reaçolândia do Paraná. Esteve reunido com quem manda na forte economia agroindustrial da cidade para propagandear sua candidatura a deputado federal pelo Podemos. Foi uma reunião de gente que você já conhece da Vaza Jato.

É isso mesmo: as costuras políticas que dão sustentação à campanha do ex-procurador começaram durante a Lava Jato. A partir de um telefone celular funcional, pago pelo Ministério Público Federal, e com conversas realizadas não raro no horário de trabalho.

O que vai a seguir são exemplos escancarados de procuradores da República e juízes (alguns ainda no cargo) agindo como partido político. Vamos aos personagens da foto, da esquerda para a direita:

Fabio Alex Oliveira é colega de Dallagnol na Primeira Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, e uma espécie de confidente desde os tempos do MPF – a conversa deles pelo Telegram soma 62 páginas A4. Foi a Oliveira, por exemplo, uma das pessoas a quem Dallagnol confessou que havia desistido de concorrer ao Senado em 2018.

Na mensagem, enviada às 22h36 de 18 de dezembro de 2017, o então procurador escreveu: “decidi não vou sair do MPF em 2018. Posso contar mais detalhes quando conversarmos pessoalmente, mas quis adiantar isso em primeira mão para Vc.”.

Oliveira também é integrante do Mude, um movimento político que Dallagnol usou para fazer lobby contra decisões do Supremo Tribunal Federal e do governo federal que o desagradavam.

Ao lado de Oliveira está o presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa, a Acipg, o ruralista Douglas Fanchin Taques Fonseca, um sujeito que não tinha vergonha, já em 2017, de defender um golpe militar e de negar que tenha havido uma ditadura no Brasil. É, também, um entusiasta da Lava Jato.

Entre Taques e Dallagnol está a advogada Giorgia Bochenek, diretora e provável nova presidente da Acipg. Ela é casada com o juiz federal Antônio César Bochenek, que presidiu a Ajufe, a associação nacional que funciona como sindicato da categoria, durante boa parte da Lava Jato. O juiz Bochenek foi um dos cotados por Dallagnol nas impróprias articulações do então procurador para que a Lava Jato continuasse num “lugar ideal” mesmo com a ida de Sergio Moro ao ministério de Jair Bolsonaro.

Bochenek jamais se furtou a defender Moro e a Lava Jato com notas e manifestações de apoio público. Algo notado, pelo Telegram, pelo procurador da República José Robalinho Cavalcanti, então presidente da ANPR, o sindicato da categoria.

“Quem me passou foi o presidente da ajufe deltan. Bocheneck. Que como você sabe eh Paranaense titular de uma das varas de Ponta grossa se não m engano”, ele escreveu, no fim da noite de 20 de agosto de 2015, em agradecimento a um vídeo em que tinha nove juízes federais defendendo as dez medidas contra a corrupção, proposta encabeçada por Dallagnol.

“E garantiu de novo que está tentando convencer a todos do País”, prosseguiu Robalinho, fazendo referência a Bochenek. Os resultados dessas conversas (e de muitas outras) se materializaram em Ponta Grossa.

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