{"id":18645,"date":"2021-02-02T14:01:10","date_gmt":"2021-02-02T14:01:10","guid":{"rendered":"https:\/\/theintercept.com\/?p=343325"},"modified":"2021-02-02T14:01:10","modified_gmt":"2021-02-02T14:01:10","slug":"cinco-condicoes-para-um-eventual-impeachment-de-bolsonaro-com-arthur-lira-no-comando-da-camara","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/radiofree.asia\/2021\/02\/02\/cinco-condicoes-para-um-eventual-impeachment-de-bolsonaro-com-arthur-lira-no-comando-da-camara\/","title":{"rendered":"Cinco condi\u00e7\u00f5es para um eventual impeachment de Bolsonaro com Arthur Lira no comando da C\u00e2mara"},"content":{"rendered":"
Nunca\u00a0se falou<\/u>\u00a0tanto na possibilidade de um impeachment de Jair Bolsonaro como agora. Os dois grandes jornais de S\u00e3o Paulo, Folha<\/a> e Estad\u00e3o<\/a>, clamaram por ele em editoriais. Carreatas pr\u00f3-impeachment organizadas por partidos de esquerda<\/a> e at\u00e9 por movimentos de direita<\/a> come\u00e7am a ir \u00e0s ruas nas maiores cidades do pa\u00eds. L\u00edderes de partidos pol\u00edticos admitiram que o assunto entrou na pauta<\/a>.<\/p>\n Com tanta press\u00e3o, o impeachment pode at\u00e9 parecer pr\u00f3ximo e inevit\u00e1vel. Mas n\u00e3o \u00e9 assim, como demonstrou a elei\u00e7\u00e3o avassaladora de Arthur Lira, do PP e do Centr\u00e3o, para a presid\u00eancia da C\u00e2mara. Com os votos de 302 dos 503 deputados presentes, ele sequer precisou do segundo turno.<\/p>\n Entre as mobiliza\u00e7\u00f5es que estamos vendo agora e um eventual afastamento do presidente de extrema direita, h\u00e1 um caminho longo e, a esta altura, incerto. Elencamos alguns pontos que ir\u00e3o definir se haver\u00e1 ou n\u00e3o um processo impeachment.<\/p>\n Ao longo dos primeiros meses de governo, presidentes habitualmente vivem em lua de mel com o Congresso. N\u00e3o foi o caso de Jair Bolsonaro. Em dezembro de 2019, Artur Lira, do PP alagoano, disse que a articula\u00e7\u00e3o pol\u00edtica do governo no Congresso era “nula”<\/a>. Lira \u00e9 um dos cabe\u00e7as do que se chama de Centr\u00e3o \u2013\u00a0na realidade, um ajuntamento de parlamentares conservadores, alinhados ao empresariado e ao mercado financeiro, que precisam estar no governo para sobreviver politicamente. Homem de confian\u00e7a de Eduardo Cunha<\/a>, ele \u00e9 alvo de duas investiga\u00e7\u00f5es por suspeita de corrup\u00e7\u00e3o derivadas da opera\u00e7\u00e3o Lava Jato. Tamb\u00e9m \u00e9 acusado pela ex-mulher de agredi-la e amea\u00e7a-la<\/a> \u2013 ele nega. <\/p>\n Quando fez as cr\u00edticas a Bolsonaro, Lira j\u00e1 articulava sua candidatura para suceder o desafeto Rodrigo Maia. Ele chegou l\u00e1: \u00e9 o novo presidente da C\u00e2mara dos Deputados. Contou com o apoio<\/a> e o empenho<\/a> de Jair Bolsonaro, que passou por muitas promessas de dinheiro p\u00fablico<\/a> para garantir votos a Lira.<\/p>\n O que mudou? Fundamentalmente, o medo de Bolsonaro de sofrer um impeachment ap\u00f3s o pedido de demiss\u00e3o do ex-juiz Sergio Moro<\/a>. Pilar do governo de extrema direita, Moro deixou o cargo de ministro da Justi\u00e7a e Seguran\u00e7a P\u00fablica afirmando que o presidente havia tentado interferir no comando da Pol\u00edcia Federal por motivos pessoais. <\/p>\n Assim, em abril de 2020, Bolsonaro\u00a0chamou o bloco para conversar<\/a>. Mas o passe do Centr\u00e3o se valorizou tremendamente dois meses depois, quando Fabricio Queiroz foi preso na casa do advogado da fam\u00edlia Bolsonaro em Atibaia, S\u00e3o Paulo. Isso significa que Bolsonaro est\u00e1 imune a um processo de impeachment? N\u00e3o necessariamente. \u00c9 prov\u00e1vel que o assunto esfrie por algumas semanas. Mas o agravamento da pandemia de covid-19, com novas \u2013\u00a0e potencialmente mais graves \u2013\u00a0cepas do coronav\u00edrus circulando, inflada pela gest\u00e3o desastrada de Eduardo Pazuello<\/a> no Minist\u00e9rio da Sa\u00fade e as atitudes no m\u00ednimo irrespons\u00e1veis do presidente, pode tornar o custo pol\u00edtico de estar ao lado de Bolsonaro alto demais at\u00e9 mesmo para pol\u00edticos do bloco.\u00a0<\/p>\n Vamos repetir: deputados do pr\u00f3prio Centr\u00e3o j\u00e1 admitiram que o impeachment entrou no debate<\/a>. E o bloco, como j\u00e1 vimos no impeachment de Dilma Rousseff, n\u00e3o \u00e9 exatamente um aliado leal com que se pode contar at\u00e9 o fim. Partidos como PSD, PP e MDB, que apoiaram a elei\u00e7\u00e3o da petista e formaram bancada dela no Congresso, pularam para o barco de Michel Temer assim que ele zarpou.<\/p>\n1. Apoio no Congresso com Lira no comando<\/h3>\n
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\nA partir dali, manter a lealdade ao governo Bolsonaro se tornou “mais dif\u00edcil”, avaliaram l\u00edderes do bloco<\/a>. Ou seja,\u00a0custaria mais espa\u00e7o no governo,\u00a0e o presidente topou<\/a>. O Centr\u00e3o ganhou um minist\u00e9rio todo seu \u2013\u00a0o das Comunica\u00e7\u00f5es, entregue ao PSD de Gilberto Kassab<\/a>. O deputado federal Ricardo Barros, do PP, que atuou na tropa de choque de FHC, Lula e Dilma na C\u00e2mara, foi chamado<\/a> para liderar o governo na casa. E, agora, Lira levou o bloco ao comando da C\u00e2mara,\u00a0com as b\u00ean\u00e7\u00e3os do presidente.<\/p>\n