{"id":186791,"date":"2021-06-01T11:00:15","date_gmt":"2021-06-01T11:00:15","guid":{"rendered":"https:\/\/theintercept.com\/?p=358258"},"modified":"2021-06-01T11:00:15","modified_gmt":"2021-06-01T11:00:15","slug":"um-ano-sem-miguel-com-a-morte-do-neto-marta-alves-revive-o-assassinato-do-filho","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/radiofree.asia\/2021\/06\/01\/um-ano-sem-miguel-com-a-morte-do-neto-marta-alves-revive-o-assassinato-do-filho\/","title":{"rendered":"Um ano sem Miguel: com a morte do neto, Marta Alves revive o assassinato do filho"},"content":{"rendered":"
\n\"IMG_95241\"\n\n

Foto: Hes\u00edodo G\u00f3es para o Intercept Brasil<\/p><\/div>\n

11h50<\/b>:<\/p>\n

– Quando o telefone tocou, era uma vizinha das meninas dizendo que Miguel tinha sofrido um acidente\u2026<\/i><\/p>\n

– \u00c9 Jos\u00e9, m\u00e3e.<\/i><\/p>\n

12h20<\/b>:<\/p>\n

– Sei que o sofrimento do pai foi grande e tamb\u00e9m tinha a m\u00e3e dele, que gostava muito de Miguel…<\/i><\/p>\n

– \u00c9 Jos\u00e9, m\u00e3e.<\/i><\/p>\n

Amanh\u00e3, 2 de junho, faz um ano<\/u> que Miguel Ot\u00e1vio Santana da Silva, cinco anos, morreu ao cair do 9\u00ba andar do edif\u00edcio P\u00eder Maur\u00edcio de Nassau, centro do Recife. Desde ent\u00e3o, vimos dezenas de vezes o rosto de Mirtes Renata, a m\u00e3e do menino, nas televis\u00f5es, jornais, redes sociais, sites: procura manter-se vis\u00edvel tanto para que o caso n\u00e3o seja esquecido quanto para enquadrar a ex-empregadora, Sari Mariana Gaspar Corte Real, pelo crime de abandonar um menor.<\/p>\n

Perto de Mirtes, h\u00e1 quase sempre outra mulher, silenciosa: \u00e9 Marta Alves, sua m\u00e3e. Quando a not\u00edcia da morte de Miguel chegou para devastar Mirtes, Marta foi reconduzida violentamente at\u00e9 uma dor que ela j\u00e1 conhecia: seu filho Jos\u00e9, um adolescente de apenas 14 anos, foi assassinado em 2005 por um policial \u00e0 paisana. \u201cConfundido com bandido\u201d foi o argumento da pol\u00edcia para justificar o crime.<\/p>\n

Hoje, Miguel e Jos\u00e9 est\u00e3o enterrados no mesmo t\u00famulo.<\/p>\n

Hoje, Miguel e Jos\u00e9 est\u00e3o sobrepostos na mem\u00f3ria de Marta.<\/p>\n

Durante a entrevista na casa na qual elas vivem, os caminh\u00f5es de pl\u00e1stico de Miguel organizados na estante da sala, o filho de Mirtes e o filho de Marta se mesclaram outras vezes na fala da \u00faltima. Estudando e trabalhando ali perto, na cozinha, a filha ouvia o di\u00e1logo e corrigia a m\u00e3e. No come\u00e7o, pensei que se tratava de um ato falho. Depois, entendi que Marta estava absolutamente correta: simbolicamente, Miguel morreu baleado em 2005. Simbolicamente, Jos\u00e9 voltou a morrer, caindo de um pr\u00e9dio, no ano passado.<\/p>\n

\n\"IMG_9523\"\n

Estantes ainda guardam os brinquedos de Miguel.<\/p>\n

\nFoto: Hes\u00edodo G\u00f3es para o Intercept Brasil<\/p><\/div>\n

Hoje, m\u00e3e e filha dividem a falta de dois garotos.<\/p>\n

Hoje, m\u00e3e e filha dividem a mesma casa.<\/p>\n

Antes, m\u00e3e e filha dividiam o mesmo local de trabalho.<\/p>\n

Limpavam e cozinhavam em um dos apartamentos de 247 metros quadrados do Maur\u00edcio de Nassau: quatro vagas na garagem, vista para o mar, cerca de R$ 2 milh\u00f5es no mercado. Ao lado do edif\u00edcio Pier Duarte Coelho, o pr\u00e9dio comp\u00f5e as popularmente as chamadas Torres G\u00eameas. Nos elevadores de ambos foi afixada uma nova legisla\u00e7\u00e3o estadual criada justamente por conta da morte do filho de Mirtes: \u00e9 a Lei n. 17.020 (13 de agosto de 2020), mais conhecida como Lei Miguel. O texto pro\u00edbe a circula\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as de at\u00e9 12 anos sozinhas ou acompanhadas de menores de 18 anos em elevadores.<\/p>\n

Mas h\u00e1 uma diferen\u00e7a extremamente eloquente entre os cartazes nos ascensores dos dois pr\u00e9dios: no do Pier Duarte Coelho, o nome de Miguel, apesar de n\u00e3o ser exigido legalmente no texto, surge no alto, em letras mai\u00fasculas e vermelhas. No elevador do Pier Maur\u00edcio de Nassau, onde ainda vive o casal Sari e S\u00e9rgio Hacker, o nome do menino foi suprimido. \u201cSoube que n\u00e3o colocaram l\u00e1 para n\u00e3o constrang\u00ea-la quando ela usasse o elevador\u201d, comenta Mirtes, que trabalhou durante quatro anos para a fam\u00edlia, de 2016 at\u00e9 aquele 2 junho de 2020.<\/p>\n

<\/div>\n

Marta passou seis dos seus 61 anos com os Hacker-Corte Real: primeiro, foi chamada por Sari para trabalhar como diarista duas vezes na semana. Quando a empres\u00e1ria teve o primeiro filho, a ex-dom\u00e9stica foi contratada para trabalhar em tempo integral. O que ela nos fala a seguir \u00e9 o extrato da \u201ccordialidade\u201d entre empregadores e empregadas dom\u00e9sticas no Brasil \u2013 a \u201ccordialidade\u201d, ali\u00e1s, que a defesa de Sari tenta emplacar<\/a> para mostrar o quanto a empres\u00e1ria \u00e9 \u201cdo bem\u201d, tranquila, enquanto Miguel era\u00a0 \u00a0 “complicado de lidar”.<\/p>\n

\u201cQuando a gente descia para ficar com as crian\u00e7as na \u00e1rea de lazer do pr\u00e9dio, ouvia muitas conversas, as bab\u00e1s e empregadas de outras fam\u00edlias dizendo que s\u00f3 almo\u00e7avam depois dos patr\u00f5es, \u00e0s vezes comendo s\u00f3 o que sobrava. Com a gente n\u00e3o era assim, eles \u00e0s vezes viajavam para o exterior, traziam presentes. A\u00ed a gente pensava \u2018ah, t\u00f4 na boa, t\u00f4 no lucro\u2019. Mas o servi\u00e7o sempre aumentava, sabe? Pediam para que a gente ficasse mais um pouco com as crian\u00e7as quando eles sa\u00edam, pediam para a gente ir trabalhar em um s\u00e1bado, um domingo. Pediam para fazer um ou outro servi\u00e7o na casa de outra pessoa da fam\u00edlia\u2026 mas tudo sem di\u00e1ria extra. Nos agradavam, mas tamb\u00e9m era para isso. Aquelas coisas n\u00e3o eram de gra\u00e7a. A gente trabalhava por elas.\u201d<\/p>\n

Quando Jos\u00e9 morreu, Marta sofreu.<\/p>\n

Quando Miguel morreu, Marta despertou.<\/p>\n

\u201cSabe o que \u00e9 pior? \u00c9 a mentira. Mentir, dizer que ele correu e ela n\u00e3o conseguiu alcan\u00e7ar. Se ela tivesse falado a verdade, n\u00e3o ia mudar o que ela fez. Mas se n\u00e3o tivesse imagem do elevador, a gente nem saberia. Talvez a gente ainda estivesse trabalhando para ela. Se ela sa\u00edsse do pr\u00e9dio, a gente iria com ela. Eu tinha me dedicado tanto \u00e0quela fam\u00edlia. Quantas e quantas vezes eu deixei de dormir na minha casa para proteger os filhos dela? Porque com Miguel, era s\u00f3 uma quest\u00e3o de segundos, ela n\u00e3o teve paci\u00eancia?\u201d.<\/p>\n

<\/div>\n

Essa esp\u00e9cie de racismo falsamente domesticado arreganhou os dentes sobre a fam\u00edlia ap\u00f3s a repercuss\u00e3o da morte do menino. Al\u00e9m da tentativa absurda de culpar o pr\u00f3prio Miguel pela trag\u00e9dia \u2013 em defesa de Sari, argumenta-se at\u00e9 que o menino era \u201cimposs\u00edvel de controlar\u201d \u2013, outros flashes da cordialidade oca foram espocando: entre os funcion\u00e1rios das torres, por exemplo, s\u00e3o muitos poucos os que ainda mant\u00eam contato com as duas mulheres. \u201cUm porteiro que era mais pr\u00f3ximo da gente foi demitido. Depois disso, v\u00e1rios colegas de l\u00e1 nos bloquearam no WhatsApp\u201d, conta Marta.<\/p>\n

Em julho de 2005, ela estava em casa, vendo televis\u00e3o com Mirtes, quando o telefone tocou. Acompanhavam, terr\u00edvel ironia, uma reportagem sobre o eletricista Jean Charles, morto por engano pela pol\u00edcia de Londres naquele m\u00eas. \u201cEu vi aquilo e pensei \u2018meu Deus, jamais quero passar por isso\u2019\u2026 e no fim eu j\u00e1 estava passando\u201d. Para Marta, a informa\u00e7\u00e3o inicial era de que o filho havia quebrado as pernas em um acidente. Seu ent\u00e3o marido, no entanto, j\u00e1 sabia que o adolescente estava morto, mas poupou a mulher.<\/p>\n

\u201cQuando cheguei l\u00e1, disse que queria ver Jos\u00e9. Falaram que eu tivesse calma. Mas eu sabia que tinha alguma coisa errada, uma coisa no cora\u00e7\u00e3o me dizia. A\u00ed veio uma enfermeira, chamou meu companheiro, conversou com ele. Daqui a pouco, vem passando um corpo na maca, coberto. A\u00ed eu disse \u2018esse aqui \u00e9 meu filho\u2019. Disseram que n\u00e3o, mas eu fui l\u00e1 e puxei o len\u00e7ol. Era ele.\u201d<\/p>\n

Quando Jos\u00e9 morreu, Marta sofreu.<\/p>\n

\u201cO meu irm\u00e3o n\u00e3o pode nem reagir. Ele tinha sido internado um ano antes, pegou um germe que foi para o c\u00e9rebro. Ficou com sequelas, o racioc\u00ednio lento. Tinha dificuldades na escola, as crian\u00e7as tripudiavam. Quando aconteceu, ele n\u00e3o reagiu. Quem presenciou disse que ele s\u00f3 chamava por mainha e painho.\u201d<\/p>\n

Quando Jos\u00e9 morreu, Mirtes sofreu.<\/p>\n

A investiga\u00e7\u00e3o, como \u00e9 comum quando se mata um pobre Jos\u00e9 no Brasil, n\u00e3o andou: apesar de v\u00e1rias pessoas terem presenciado o crime, somente uma dep\u00f4s. O rapaz que era procurado pelo policial fugiu com a m\u00e3e (outra m\u00e3e na mira de uma perda), e os boatos de que o policial voltaria para confrontar poss\u00edveis den\u00fancias cresceu. O Centro Dom Helder C\u00e2mara de Estudos e A\u00e7\u00e3o Social (Cendhec) chegou intermediar o caso e tentar garantir prote\u00e7\u00e3o para a fam\u00edlia de Marta, mas o medo era grande. Assim, veio o sil\u00eancio.<\/p>\n

\u201cSe a gente mexesse naquilo, a gente morria. Ent\u00e3o tinha que se calar. Foi muito dif\u00edcil reorganizar tudo, dif\u00edcil aceitar que n\u00e3o tinha mais meu filho, dif\u00edcil ter que me controlar porque tinha Mirtes para criar. Tinha dias que eu gritava. Gritava n\u00e3o, urrava. Eu queria meu filho de volta. S\u00f3 que eu n\u00e3o ia ter mais.\u201d<\/p>\n

Dezesseis anos depois, Marta tem na parede uma foto de Jos\u00e9 em sua primeira comunh\u00e3o, algumas roupas muito bem guardadas do adolescente, e a mem\u00f3ria que abriu uma porta para a chegada de Miguel. Dezesseis anos depois, Marta tem \u00e0 sua frente a filha passando tamb\u00e9m pelo mesmo arranco de vida, de futuro, de possibilidade, a filha que ela, novamente, teve que se levantar para cuidar.<\/p>\n

\u201cUm passo dela s\u00e3o dois passos meus na frente. O que ela decidir fazer, estou junto. Dou o apoio que eu tiver, a maior for\u00e7a que eu tiver. Eu dou tudo pra ela. Hoje o medo existe, mas o medo nos faz mais fortes\u201d. Foi a terceira vez durante a entrevista que Marta falou \u201cmedo\u201d em rela\u00e7\u00e3o ao caso Miguel. Perguntei:<\/p>\n

\u201cA senhora tem medo de que, exatamente?\u201d<\/p>\n

Marta preferiu n\u00e3o me dizer.<\/p>\n

\n\"IMG_9530\"\n

Marta e Mirtes\u00a0dividem a casa e a falta dos\u00a0filhos.<\/p>\n

\nFoto: Hes\u00edodo G\u00f3es para o Intercept Brasil<\/p><\/div>\n

Branca justi\u00e7a<\/h3>\n

Completado o primeiro ano da perda de Miguel, o processo contra a ex-empregadora de Mirtes e Marta segue na Justi\u00e7a e, recentemente, trouxe outro flash do racismo que impregna n\u00e3o s\u00f3 apartamentos com depend\u00eancias de empregada, mas o pr\u00f3prio judici\u00e1rio. H\u00e1 um m\u00eas, uma testemunha convocada pela defesa de Sari Corte Real foi ouvida sem que a defesa de Mirtes estivesse presente. Agora, os advogados da hoje estudante de direito tentam anular esse depoimento, j\u00e1 que, legalmente, todas as partes deveriam ter sido convocadas para a oitiva.<\/p>\n

H\u00e1 mais. Tanto Mirtes quanto Marta, apesar de trabalharem nas casas de Sari e S\u00e9rgio Hacker \u2013 na \u00e9poca do crime, ele era prefeito de Tamandar\u00e9 pelo PSB \u2013, constavam na folha de pagamento da prefeitura do munic\u00edpio. A evidente improbidade administrativa, no entanto, n\u00e3o foi levada em considera\u00e7\u00e3o pela C\u00e2mara de Vereadores da cidade, que arquivou a den\u00fancia<\/a> e um pedido de impeachment por sete votos a tr\u00eas em agosto do ano passado. Hacker n\u00e3o conseguiu se reeleger para a chefia do Executivo municipal em novembro do ano passado, perdendo o pleito para Carrapicho (Republicanos).<\/p>\n

<\/div>\n

O casal, no entanto, foi condenado pela Justi\u00e7a do Trabalho em mar\u00e7o deste ano a pagar indeniza\u00e7\u00e3o<\/a> de R$ 386 mil por dano moral coletivo a Mirtes e Marta \u2013 esse valor n\u00e3o vai para a fam\u00edlia de Miguel, e sim para um fundo da Justi\u00e7a do Trabalho por se tratar de uma a\u00e7\u00e3o civil p\u00fablica. Sari e Sergio recorreram ao Tribunal Regional do Trabalho da 6\u00aa Regi\u00e3o.<\/p>\n

Cada vez mais \u00e0 vontade com a linguagem jur\u00eddica que ela se comprometeu a dominar tamb\u00e9m para fazer com que Sari n\u00e3o saia impune do crime de abandono de menor, Mirtes estuda e trabalha diariamente. Em frente a um computador e com um celular repleto de mensagens, ela organizava<\/a> as atividades da Semana Internacional Menino Miguel, articulada com pessoas de locais t\u00e3o diversos como Estados Unidos, Haiti, Fran\u00e7a e Alemanha. Est\u00e1 exausta, com dificuldades para dormir, mas, ao mesmo tempo, atenta aos mecanismos \u00e0s vezes perigosamente sutis que anteparam Sari e exp\u00f5em ainda mais, como se fosse poss\u00edvel, o seu filho.<\/p>\n

\u201cCrian\u00e7as negras s\u00e3o tratadas como crian\u00e7as fortes, sabidas e que sabem se virar. N\u00e3o s\u00e3o merecedoras de prote\u00e7\u00e3o, como as crian\u00e7as brancas. Eu descobri o racismo assim. Quando as filhas das amigas deles iam para casa pelo elevador, eles monitoravam. Por que aquilo n\u00e3o foi feito com Miguel? Por que era filho da empregada?\u201d.<\/p>\n

Marta, a foto do filho assassinado repousando no colo, segue a filha. \u201cN\u00e3o d\u00e1 pra deixar passar em branco, tem que haver alguma coisa. Com Jos\u00e9 eu n\u00e3o podia fazer muito. Mas agora, com Miguel\u2026\u201d.<\/p>\n

Pergunto: \u201ca senhora gostaria de reabrir o caso de Jos\u00e9?\u201d<\/p>\n

\u201cN\u00e3o. Mexer nesse crime hoje \u00e9 tirar a visibilidade de Miguel. Ent\u00e3o\u2026 n\u00e3o. Melhor n\u00e3o. Jos\u00e9 entende, eu sei que ele entende. N\u00e3o \u00e9 que eu tenha me acostumado, que eu tenha aceitado. Mas eu tive que seguir em frente.\u201d<\/p>\n

Quando Jos\u00e9 morreu, Mirtes e Marta sofreram.<\/p>\n

Quando Miguel morreu, Mirtes e Marta despertaram.<\/p>\n

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Por neglig\u00eancia da empregadora, Miguel, de 5 anos, caiu do 9\u00ba andar em 2 de junho de 2020. H\u00e1 16 anos, Jos\u00e9, de 14, foi \u201cconfundido com bandido\u201d.<\/p>\n

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