{"id":51647,"date":"2021-02-24T09:30:15","date_gmt":"2021-02-24T09:30:15","guid":{"rendered":"https:\/\/theintercept.com\/?p=345861"},"modified":"2021-02-24T09:30:15","modified_gmt":"2021-02-24T09:30:15","slug":"doleiro-dos-doleiros-mudou-delacao-para-inocentar-procurador-da-lava-jato-a-quem-dizia-pagar-propina","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/radiofree.asia\/2021\/02\/24\/doleiro-dos-doleiros-mudou-delacao-para-inocentar-procurador-da-lava-jato-a-quem-dizia-pagar-propina\/","title":{"rendered":"\u2018Doleiro dos doleiros\u2019 mudou dela\u00e7\u00e3o para inocentar procurador da Lava Jato a quem dizia pagar propina"},"content":{"rendered":"

O<\/span> doleiro Dario Messer mudou sua vers\u00e3o sobre o alegado pagamento de propina ao procurador Janu\u00e1rio Paludo, ex-integrante da for\u00e7a-tarefa da Lava Jato no Paran\u00e1, ap\u00f3s conseguir uma dela\u00e7\u00e3o premiada que o livrou temporariamente da cadeia e lhe garantiu ao menos R$ 10 milh\u00f5es em bens, segundo conta do pr\u00f3prio Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal.<\/p>\n

A suspeita de que Paludo recebeu propina para proteger Messer a partir de 2005, no caso Banestado, est\u00e1 na primeira proposta de dela\u00e7\u00e3o premiada do doleiro. A colabora\u00e7\u00e3o dele foi assinada pela Lava Jato e homologada pela justi\u00e7a \u2013 mas sem o trecho que levanta suspeitas contra um dos principais integrantes da for\u00e7a-tarefa paranaense.<\/p>\n

O caso Banestado investigou o envio de dinheiro do Brasil para contas no exterior usando contas no hoje extinto banco estatal paranaense. Como na Lava Jato, uma for\u00e7a-tarefa foi criada no MPF do Paran\u00e1 para apurar e processar envolvidos. Paludo fez parte do grupo, assim como Deltan Dallagnol.<\/p>\n

Messer foi um dos investigados, mas nunca foi punido. Na primeira vers\u00e3o de sua dela\u00e7\u00e3o, ele disse que escapou dos investigadores gra\u00e7as a propinas. Depois, com os benef\u00edcios do acordo de dela\u00e7\u00e3o garantidos, disse ter se enganado a respeito de Paludo.<\/p>\n

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Gra\u00e7as \u00e0 dela\u00e7\u00e3o, Messer manteve R$ 3,5 milh\u00f5es que tinha numa conta nas Bahamas, um apartamento avaliado em R$ 3 milh\u00f5es no Rio, desbloqueou a heran\u00e7a da m\u00e3e e ainda deixou a pris\u00e3o. Atualmente, ele cumpre pris\u00e3o domiciliar em Copacabana, bairro nobre da capital fluminense.<\/p>\n

J\u00e1 a suspeita contra Paludo jamais foi investigada pelos colegas dele no MPF. Para a c\u00fapula do \u00f3rg\u00e3o, bastou a explica\u00e7\u00e3o do procurador. Mas ela contradiz o que o pr\u00f3prio Paludo disse \u00e0 justi\u00e7a, anos antes, e em conversas mantidas com colegas pelo Telegram, a respeito do doleiro.<\/p>\n

A equipe da Lava Jato na Procuradoria Geral da Rep\u00fablica, a PGR, arquivou o relato de Messer sobre os alegados pagamentos a Paludo sem investig\u00e1-lo, por consider\u00e1-lo inconsistente. J\u00e1 a segunda vers\u00e3o contada pelo doleiro sobre o caso, tomada como verdade pelos procuradores, baseou uma den\u00fancia encaminhada pela for\u00e7a-tarefa da Lava Jato do Rio \u00e0 justi\u00e7a em dezembro passado.<\/p>\n

Em vez de pagador de propinas, a den\u00fancia transformou Messer em v\u00edtima de um esquema de extors\u00e3o criado por seu ex-advogado e seu ex-s\u00f3cio, que vendiam ao doleiro uma “prote\u00e7\u00e3o” que jamais existiu quando disseram pagar propina a Paludo. O advogado \u00e9 Antonio Figueiredo Basto, negociador de v\u00e1rias dela\u00e7\u00f5es com Curitiba \u2013\u00a0entre elas, a do tamb\u00e9m doleiro Alberto Youssef, crucial para o desenrolar da Lava Jato.<\/p>\n

\n\"S\u00c3O\n

Dario Messer (de bon\u00e9), o ‘doleiro dos doleiros’, no dia em que foi preso pela Pol\u00edcia Federal nos Jardins, regi\u00e3o nobre de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

\nFoto: Marcelo Gon\u00e7alves\/Sigmapress\/Folhapress<\/p><\/div>\n

Na mira desde os anos 1980, Messer s\u00f3 foi preso em 2019<\/h3>\n

Messer atualmente \u00e9 conhecido como o \u201cdoleiro dos doleiros\u201d, gra\u00e7as \u00e0 Lava Jato do Rio. Ele \u00e9 acusado pela for\u00e7a-tarefa de liderar uma rede ilegal de c\u00e2mbio que movimentou mais de 1,6 bilh\u00e3o de d\u00f3lares entre 2011 e 2017 \u2013\u00a0R$ 8,5 bilh\u00f5es, na cota\u00e7\u00e3o atual. Trata-se, segundo a for\u00e7a-tarefa, de uma quantia in\u00e9dita.<\/p>\n

Mas a atua\u00e7\u00e3o dele \u00e9 mapeada pelas autoridades desde 1980, quando j\u00e1 era investigado<\/a> pela suspeita de atuar em esquemas de lavagem de dinheiro. Primeiro, para bicheiros ligados a escolas de samba. Depois, no caso Banestado, que teve como personagens o ent\u00e3o juiz Sergio Moro, Paludo e outros procuradores da Lava Jato. Mais tarde, ele apareceu no mensal\u00e3o petista e foi citado at\u00e9 em documentos do Swissleaks, que revelou uma rede de evas\u00e3o fiscal existente numa ag\u00eancia do HSBC na Su\u00ed\u00e7a em 2006 e 2007.<\/p>\n

Messer, no entanto, jamais havia sido preso at\u00e9 julho de 2019. N\u00e3o que as autoridades n\u00e3o tenham tentado. Ao menos duas vezes, a justi\u00e7a brasileira decretou sua pris\u00e3o. Mas o “doleiro dos doleiros” sempre arrumou um jeito de escapar antes que a pol\u00edcia tivesse tempo de encontr\u00e1-lo.<\/p>\n

Na cadeia \u2013\u00a0e tentando sair dela o quanto antes \u2013, Messer resolveu confessar crimes. Na proposta de dela\u00e7\u00e3o, ele assumiu a investigadores da Lava Jato que s\u00f3 n\u00e3o foi detido por ordem da opera\u00e7\u00e3o, em 2018, porque soube com anteced\u00eancia da a\u00e7\u00e3o policial para peg\u00e1-lo<\/a>. Tamb\u00e9m confessou ter cometido os crimes investigados no caso Banestado<\/a>, pelos quais n\u00e3o havia sido punido. E, num relato espec\u00edfico, explicou como acredita ter se livrado de suspeitas que pairavam sobre ele desde 2005.<\/p>\n

\u00c9 justamente nesse relato que Messer conta que nada disso foi por acaso. \u201cDario sempre acreditou na efetividade da compra da \u2018prote\u00e7\u00e3o\u2019\u201d, resumiram seus defensores na primeira proposta de dela\u00e7\u00e3o. Em outras palavras, ele afirmou ter comprado prote\u00e7\u00e3o do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal do Paran\u00e1, e que parte dos pagamentos eram feitos a Paludo, um dos procuradores do caso Banestado.<\/p>\n

Messer relatou que, de 2005 a 2013, pagou 50 mil d\u00f3lares todo m\u00eas para que fosse blindado em investiga\u00e7\u00f5es. Disse que entregava o dinheiro ao ex-s\u00f3cio Enrico Machado e a Figueiredo Basto, na \u00e9poca seu advogado.<\/p>\n

Segundo o relato redigido pela defesa de Messer, Machado e Basto diziam que parte desse dinheiro era entregue a Paludo. Messer admitiu que nunca esteve com o procurador, mas afirmou acreditar que contava com a ajuda dele. E apontou dois fatos que o fizeram acreditar em tal prote\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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Em 2005, Paludo trabalhou no acordo de dela\u00e7\u00e3o premiada do doleiro Clark Setton, conhecido como Kiko, s\u00f3cio de Messer investigado no caso Banestado. Kiko tamb\u00e9m era defendido por Figueiredo Basto. Confessou crimes, mas n\u00e3o envolveu Messer em nenhum deles. O relato seletivo, ainda assim, lhe garantiu benef\u00edcios penais.<\/p>\n

J\u00e1 em 2011, Paludo testemunhou a pedido de Figueiredo Basto em um processo criminal contra Messer, relacionado ao caso Banestado. O procurador disse \u00e0 justi\u00e7a que investigou Messer, mas n\u00e3o encontrou nenhuma prova que o ligasse \u00e0s irregularidades que, anos mais tarde, o pr\u00f3prio doleiro viria a confessar.<\/p>\n

Messer j\u00e1 havia dito que pagava propina a Paludo<\/a>. Foi em agosto de 2018, em mensagens trocadas por celular com a namorada \u2013\u00a0um ambiente mais privativo e confort\u00e1vel que a cadeira de candidato a delator premiado. “Sendo que esse Paludo \u00e9 destinat\u00e1rio de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo m\u00eas”, ele escreveu, em conversa interceptada pela Pol\u00edcia Federal.<\/p>\n

Por citar Paludo, que tem direito a foro privilegiado por ser procurador, esse trecho do depoimento do candidato a delator foi remetido a Bras\u00edlia, para ser avaliado pela equipe da Lava Jato da PGR. E a PGR descartou investigar um colega. O \u00f3rg\u00e3o entendeu que o relato de Messer n\u00e3o tinha provas para que fosse inclu\u00eddo em seu acordo de colabora\u00e7\u00e3o e baseasse uma apura\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Enquanto isso, a dela\u00e7\u00e3o de Messer \u2013\u00a0sem a parte que complicava Paludo \u2013\u00a0andava. Foi homologada, em agosto de 2020, por duas varas judiciais de primeira inst\u00e2ncia do Rio. Uma delas, a s\u00e9tima, a do juiz Marcelo Bretas.<\/p>\n

O acordo garantiu que Messer cumprir\u00e1 pena m\u00e1xima de 18 anos e nove meses de pris\u00e3o, n\u00e3o importa quantas vezes seja condenado em processos da Lava Jato. Em troca, os procuradores afirmam que o doleiro abriu m\u00e3o de cerca de 99% de seu patrim\u00f4nio, que estimam \u2013\u00a0sem explicar como chegaram ao valor \u2013\u00a0em R$ 1 bilh\u00e3o. O que significa que, se o c\u00e1lculo da Lava Jato estiver correto, Messer manteve R$ 10 milh\u00f5es no bolso. Nada mau.<\/p>\n

Foi nesse ponto que a Lava Jato do Rio chamou Messer para depor novamente sobre a alegada taxa de prote\u00e7\u00e3o paga a Paludo. A\u00ed, o doleiro \u2013\u00a0que j\u00e1 tivera a dela\u00e7\u00e3o aprovada e seguia milion\u00e1rio \u2013 contou uma outra hist\u00f3ria.<\/p>\n

Ao contr\u00e1rio do que havia afirmado antes, Messer dessa vez falou n\u00e3o acreditar que fosse protegido. Disse mais: que acreditava ter sido enganado por Figueiredo Basto e o ex-s\u00f3cio Machado<\/a>, que embolsavam, nessa nova vers\u00e3o, os 50 mil d\u00f3lares mensais que ele enviava para comprar autoridades.<\/p>\n

\u201c[Messer afirmou] Que Enrico falava em prote\u00e7\u00e3o junto \u00e0 Procuradoria da Rep\u00fablica e \u00e0 Pol\u00edcia Federal; que Enrico [Machado] falava no nome do Dr. (sic) Janu\u00e1rio Paludo e pessoas na Pol\u00edcia Federal; que hoje tem a percep\u00e7\u00e3o de que Figueiredo [Basto] e Enrico ficavam com esse dinheiro\u201d, l\u00ea-se no novo depoimento.<\/p>\n

Foi essa nova vers\u00e3o a usada pela Lava Jato do Rio de Janeiro para denunciar Figueiredo Basto, Enrico Machado e um outro advogado pelos crimes de explora\u00e7\u00e3o de prest\u00edgio qualificada, tr\u00e1fico de influ\u00eancia qualificado e associa\u00e7\u00e3o criminosa.<\/p>\n

O novo depoimento de Messer fundamenta a tese segundo a qual os tr\u00eas r\u00e9us venderam um falso esquema de prote\u00e7\u00e3o ao doleiro. Sobre Paludo, tudo que a Lava Jato do Rio diz \u00e9 que ele teve o nome indevidamente usado na falsa venda de prote\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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Janu\u00e1rio Paludo, o “pai” dos grupos de Telegram da for\u00e7a-tarefa da Lava Jato: um veterano da opera\u00e7\u00e3o Banestado.<\/p>\n<\/div>\n

As vers\u00f5es conflitantes de Paludo<\/h3>\n

A decis\u00e3o da PGR de arquivar o trecho da dela\u00e7\u00e3o de Messer que citava Paludo, no segundo semestre de 2020, n\u00e3o foi a primeira. Antes, em novembro de 2019, a c\u00fapula do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal em Bras\u00edlia j\u00e1 havia sido provocada a investigar a alegada prote\u00e7\u00e3o ao doleiro.<\/p>\n

Meses ap\u00f3s a pris\u00e3o de Messer, a Pol\u00edcia Federal encontrou no celular dele a mensagem na qual ele conversava com a namorada sobre o “esquema com Janu\u00e1rio Paludo e Figueiredo”.<\/p>\n

Essa mensagem foi encaminhada \u00e0 PGR, que chegou a convocar Messer a dar explica\u00e7\u00f5es. Na \u00e9poca, ele ainda n\u00e3o era delator premiado. Assim, se calou sobre o caso.<\/p>\n

A PGR, ent\u00e3o, pediu informa\u00e7\u00f5es a Paludo. O procurador da Rep\u00fablica enviou um documento<\/a> ao \u00f3rg\u00e3o informando que era inocente e que n\u00e3o fazia sentido pensar que teria protegido Messer.<\/p>\n

Primeiro, argumentou Paludo, porque ele deixou a for\u00e7a-tarefa do caso Banestado em 2005. \u00c0quela \u00e9poca de 2019, as investiga\u00e7\u00f5es apontavam que os pagamentos da suposta prote\u00e7\u00e3o teriam come\u00e7ado em 2006 \u2013\u00a0ainda que Messer tenha dito que que come\u00e7aram em 2005.<\/p>\n

Segundo, porque as investiga\u00e7\u00f5es contra Messer corriam no Rio. Paludo, a partir de 2014, trabalhava na Lava Jato do Paran\u00e1. Antes, havia atuado no Rio Grande do Sul.<\/p>\n

Por \u00faltimo, o procurador argumentou que relatou ind\u00edcios de que Messer usou contas de titulares ocultos no exterior (conhecidas como contas offshore) quando foi chamado a testemunhar a favor do doleiro pela defesa dele, em 2011. Ou seja, Paludo nega t\u00ea-lo protegido.<\/p>\n

Foi o bastante para a PGR, que arquivou o caso sem aprofundar a investiga\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Acontece que, quando testemunhou para a defesa de Messer, em 2011, Paludo disse outra coisa \u00e0 justi\u00e7a. Na ocasi\u00e3o, o procurador afirmou que n\u00e3o encontrou nenhuma liga\u00e7\u00e3o de Messer ou de membro da fam\u00edlia dele com contas offshore. “At\u00e9 a parte onde eu fui, n\u00f3s n\u00e3o identificamos, em princ\u00edpio, nenhuma liga\u00e7\u00e3o da fam\u00edlia Messer”, disse, em documento que \u00e9 p\u00fablico<\/a>.<\/p>\n

Paludo foi al\u00e9m. Afirmou que as investiga\u00e7\u00f5es apontaram que Clark Setton, o Kiko, aparecia como o respons\u00e1vel por contas investigadas. E que a apura\u00e7\u00e3o n\u00e3o revelou nenhuma rela\u00e7\u00e3o da fam\u00edlia Messer com ele. “Na parte que eu investiguei, a conclus\u00e3o que eu tive, na \u00e9poca, \u00e9 que haveria apenas [ind\u00edcios] em rela\u00e7\u00e3o ao Clark Setton [sobre] a administra\u00e7\u00e3o dessas contas”, falou.<\/p>\n

J\u00e1 nos di\u00e1logos que manteve com colegas procuradores pelo Telegram, Paludo d\u00e1 mostras de estar bem informado sobre Messer e sua rela\u00e7\u00e3o com Setton. A outros procuradores, Paludo chega a dizer que Setton era uma esp\u00e9cie de laranja, de \u201cboi de piranha\u201d dos Messer.<\/p>\n


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20 de maio de 2018 \u2013\u00a0Filhos do Januario 2<\/span><\/strong><\/h5>\n

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Janu\u00e1rio Paludo \u2013 10:02:16 \u2013<\/span><\/strong> Dario era o filho playboy. O velho era o Mordko. O doleiro da fam\u00edlia (vou de piranha<\/a>) era o Clarck Setton – Kiko.<\/h5>\n

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Paludo fez o coment\u00e1rio quando surgiram as primeiras not\u00edcias de que Messer poderia ter sido protegido gra\u00e7as ao pagamento de propina. Um dia antes, ele j\u00e1 falava da rela\u00e7\u00e3o antiga entre o doleiro e Figueiredo Basto.<\/p>\n


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19 de maio de 2018 \u2013\u00a0Filhos do Januario 2<\/span><\/strong><\/h5>\n

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Janu\u00e1rio Paludo \u2013 13:35:33 \u2013<\/span><\/strong> A \u00fanica coisa que o Figueiredo n\u00e3o pode dizer \u00e9 que nao advogou para o messer, tanto para o Mordko quanto para oDario.<\/h5>\n

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Nos chats, tamb\u00e9m fica claro que Paludo \u00e9 tido por colegas de Lava Jato no Paran\u00e1 como algu\u00e9m bem informado sobre o que envolve Messer. Em 2017, quando o doleiro ainda n\u00e3o era um alvo oficial da for\u00e7a-tarefa do Rio de Janeiro, um rep\u00f3rter procurou o ent\u00e3o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima para tratar de suspeitas envolvendo o doleiro. Lima encaminhou as mensagens e buscou informa\u00e7\u00f5es com Paludo.<\/p>\n

Ouviu, do colega, que a Lava Jato havia acessado uma investiga\u00e7\u00e3o sobre Messer que estava a cargo do procurador da Rep\u00fablica Alexandre Nardes, do Paran\u00e1. Mas, curiosamente, a for\u00e7a-tarefa paranaense resolveu mandar o caso para o Rio de Janeiro. Segundo o chat, a remessa da investiga\u00e7\u00e3o aos colegas fluminenses se deu em 2014, logo no in\u00edcio da opera\u00e7\u00e3o no Paran\u00e1. No Rio, uma for\u00e7a-tarefa da Lava Jato s\u00f3 seria criada em junho de 2016.<\/p>\n


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20 de agosto de 2017 \u2013 Filhos do Januario 2<\/span><\/strong><\/h5>\n

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Carlos Fernando dos Santos Lima \u2013 12:54:14 \u2013<\/span><\/strong> NOME SUPRIMIDO<\/span><\/a> : Procurador, bom dia. NOME SUPRIMIDO<\/span><\/a> : Estamos tocando uma investiga\u00e7\u00e3o aqui no Poder360 e um dos nomes no nosso radar \u00e9 o doleiro Dario Messer. NOME SUPRIMIDO<\/span><\/a> : O senhor saberia dizer se os procuradores a que esse colunista se refere, seriam da FT do Paran\u00e1? Ou esse tema est\u00e1 com o pessoal do Rio? http:\/\/veja.abril.com.br\/blog\/radar\/o-outro-doleiro\/<\/a><\/h5>\n
Santos Lima \u2013 12:54:33 \u2013<\/span><\/strong> Janu\u00e1rio. Voc\u00ea sabe alguma coisa sobre isso?
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Paludo respondeu horas depois:<\/p>\n


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20 de agosto de 2017 \u2013 Filhos do Januario 2<\/span><\/strong><\/h5>\n

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Janu\u00e1rio Paludo \u2013 15:36:21 \u2013<\/span><\/strong> Sim. Mandamos a investiga\u00e7\u00e3o para o Rio de Janeiro em 2014. Era do nardes e ele mandou para a gente.<\/h5>\n

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Membros da Lava Jato, ali\u00e1s, assumiram nos di\u00e1logos privados que nunca priorizaram investiga\u00e7\u00f5es sobre doleiros envolvidos em casos de corrup\u00e7\u00e3o apurados na opera\u00e7\u00e3o. Procuradores do Rio chegaram a perguntar por que eles nunca \u201cderam bola\u201d para isso.<\/p>\n


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3 de maio de 2018 \u2013 Filhos do Januario 2<\/span><\/strong><\/h5>\n

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Paulo Roberto Galv\u00e3o<\/a> \u2013 09:46:12 \u2013<\/span><\/strong> Pessoal do Rio vinha perguntando por que a gente n\u00e3o dava muita bola para os doleiros. Eu sempre disse que o foco era pegar corrup\u00e7\u00e3o e que focar em doleiros corria o risco de dispersar. Mas agora est\u00e3o eles com 45 pris\u00f5es envolvendo doleiros. N\u00e3o sei bem os caminhos a que isso poder\u00e1 levar. Ao menos um deles, o Messer, era tido como ligado ao presidente do Paraguai.<\/h5>\n
Carlos Fernando dos Santos Lima \u2013 09:53:35 \u2013<\/span><\/strong> Investigar doleiros, como qualquer operador, \u00e9 atacar o elo fr\u00e1gil da corrente de crimes do colarinho branco. \u00d3tima estrat\u00e9gia geral quando voc\u00ea n\u00e3o tem alvos espec\u00edficos. No nosso caso preferimos trabalhar com corrup\u00e7\u00e3o, mas dentro de cada esquema sempre h\u00e1 operadores. Foi o que Diogo fez no caso do ped\u00e1gio. Leal \u00e9 um dos operadores do esquema. S\u00f3 n\u00e3o podemos transformar a Lava Jato em um Banestado.<\/h5>\n
Orlando Martello<\/a> \u2013 10:03:12 \u2013<\/span><\/strong> Al\u00e9m disso, d\u00e1 muiiiittttooooo trabalho. Muitas opera\u00e7\u00f5es, muitas transa\u00e7\u00f5es, muitos clientes…. e 90% \u00e9 caixa 2.<\/h5>\n

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Deltan Dallagnol, \u00e0 \u00e9poca o coordenador da for\u00e7a-tarefa, entrou na conversa pouco depois:<\/p>\n


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3 de maio de 2018 \u2013 Filhos do Januario 2<\/span><\/strong><\/h5>\n

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Deltan Dallagnol \u2013 10:52:14 \u2013<\/span><\/strong> Exatamente. Doleiros \u00e9 second ou third best. No Banestado, atacamos mais de uma centena e s\u00f3 1 ou 2 entregaram corrup\u00e7\u00e3o, mesmo com uns 30 colaborando. Na Cura\u00e7ao, acusei mais de 50, bloqueei patrim\u00f4nio, mas fatos eram antigos, n\u00e3o conseguimos pris\u00e3o e acho que ningu\u00e9m colaborou. Agora, eles est\u00e3o revisitando alguns dos meus alvos da Cura\u00e7ao. Pediram, ali\u00e1s, pra checar como estavam os processos e adivinhem… todos caminhando pra prescri\u00e7\u00e3o<\/h5>\n
Dallagnol \u2013 10:53:04 \u2013<\/span><\/strong> Al\u00e9m de opera\u00e7\u00f5es gerais, horizontais, fizemos Orlando e eu algumas verticais sobre doleiros de Curitiba, no rescaldo da Banestado. Muito trabalho para resultado modesto comparado com nosso trabalho hoje<\/h5>\n

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Procurado, Janu\u00e1rio Paludo respondeu que n\u00e3o reconhece a autenticidade das mensagens e n\u00e3o quis coment\u00e1-las. Em nota, o procurador afirmou apenas que a for\u00e7a-tarefa da Lava Jato do Paran\u00e1 sempre investigou crimes relacionados \u00e0 Petrobras, \u201cestando as conex\u00f5es de doleiros sendo investigadas em outros \u00f3rg\u00e3os e unidades\u201d.<\/p>\n

\u201cInvestiga\u00e7\u00f5es que n\u00e3o tem conex\u00e3o com os fatos investigados na Lava Jato s\u00e3o declinadas para outras unidades do MP por decis\u00e3o pr\u00f3pria ou judicial, como ocorreram em in\u00fameros casos\u201d, complementou, quando questionado por que enviou a investiga\u00e7\u00e3o sobre Messer ao Rio, em 2014.<\/p>\n

Paludo disse que n\u00e3o teve acesso \u00e0s duas vers\u00f5es do doleiro Dario Messer a respeito do pagamento da taxa de prote\u00e7\u00e3o e, por isso, n\u00e3o tem como falar a respeito delas. Ressaltou que \u201cse a PGR arquivou uma not\u00edcia de fato que n\u00e3o tinha qualquer fundamento para abrir uma investiga\u00e7\u00e3o, o fez por livre convic\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n

\u201cInvestiga\u00e7\u00f5es para serem instauradas t\u00eam que ter elementos indici\u00e1rios m\u00ednimos, n\u00e3o bastando a mera opini\u00e3o, achismos, suspeitas ou conjecturas. A instaura\u00e7\u00e3o de uma a\u00e7\u00e3o penal para ser vi\u00e1vel exige, al\u00e9m da compet\u00eancia do ju\u00edzo, prova da materialidade do delito e elementos suficientes de autoria (acima de qualquer d\u00favida razo\u00e1vel), sob pena de ser temer\u00e1ria e sujeitar indevidamente algu\u00e9m a processo penal\u201d, declarou.<\/p>\n

<\/div>\n

Sobre o depoimento prestado em 2011 em processo contra Messer, Paludo disse que \u201ctestemunhar em processos \u00e9 uma obriga\u00e7\u00e3o de todos, o que n\u00e3o quer dizer que seja contra ou a favor da defesa, pois s\u00e3o relatados fatos\u201d.<\/p>\n

Ele n\u00e3o respondeu a questionamentos sobre a liga\u00e7\u00e3o de Messer com Clark Setton.<\/p>\n

Dario Messer tamb\u00e9m foi perguntado sobre as duas vers\u00f5es a respeito da taxa de prote\u00e7\u00e3o apresentadas \u00e0s autoridades. O advogado \u00c1tila Machado, que hoje representa o doleiro, disse que o procedimento de colabora\u00e7\u00e3o premiada \u00e9 sigiloso. Por isso, \u201cDario Messer est\u00e1 impedido de falar sobre o conte\u00fado da mat\u00e9ria\u201d.<\/p>\n

O advogado Antonio Figueiredo Basto n\u00e3o quis se pronunciar. Em entrevistas concedidas a outros ve\u00edculos de imprensa, ele sempre negou ter recebido qualquer pagamento para garantir a Messer ou a outros clientes prote\u00e7\u00e3o em investiga\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

A for\u00e7a-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro, que usou a segunda vers\u00e3o de Messer sobre a taxa de prote\u00e7\u00e3o em den\u00fancia contra Figueiredo Basto, disse que o doleiro n\u00e3o alterou seu relato sobre os fatos. Segundo ela, Messer soube do arquivamento das investiga\u00e7\u00f5es contra Paludo na PGR e de transa\u00e7\u00f5es financeiras que Basto teria realizado para embolsar ele pr\u00f3prio a tal taxa. Isso mudou sua percep\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A PGR disse que a apura\u00e7\u00e3o preliminar sobre as suspeitas contra Paludo e a negocia\u00e7\u00e3o do acordo de dela\u00e7\u00e3o premiada de Dario Messer s\u00e3o sigilosos.<\/p>\n

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Dario Messer disse em grampo que Janu\u00e1rio Paludo recebia para proteg\u00ea-lo. Livre da cadeia e com R$ 10 milh\u00f5es no bolso gra\u00e7as a dela\u00e7\u00e3o, voltou atr\u00e1s.<\/p>\n

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