{"id":805435,"date":"2022-09-20T17:06:23","date_gmt":"2022-09-20T17:06:23","guid":{"rendered":"https:\/\/theintercept.com\/?p=408396"},"modified":"2022-09-20T17:06:23","modified_gmt":"2022-09-20T17:06:23","slug":"canal-que-pagou-apoiador-fake-de-bolsonaro-recebeu-grana-publica-no-youtube-durante-a-pandemia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/radiofree.asia\/2022\/09\/20\/canal-que-pagou-apoiador-fake-de-bolsonaro-recebeu-grana-publica-no-youtube-durante-a-pandemia\/","title":{"rendered":"Canal que pagou apoiador fake de Bolsonaro recebeu grana p\u00fablica no YouTube durante a pandemia"},"content":{"rendered":"

O canal Foco do Brasil, que contratou um apoiador fake<\/a> para fazer uma pergunta a Bolsonaro e viralizar em 2020, recebeu pelo menos R$ 9,3 mil de verbas p\u00fablicas em sete meses de pandemia, entre 2020 e 2021. A grana foi repassada ao canal por meio de an\u00fancios do governo federal no YouTube.<\/p>\n

No auge, o canal \u2013 um dos investigados no inqu\u00e9rito autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes sobre os atos antidemocr\u00e1ticos de 2020 \u2013 chegava a faturar dezenas de milhares de reais <\/a>por m\u00eas em propaganda. Parte dela vinha do pr\u00f3prio governo, central em sua cobertura: diariamente, o Foco do Brasil publicava v\u00eddeos com falas do presidente no cercadinho do Pal\u00e1cio da Alvorada.<\/p>\n

Como a Folha revelou hoje, em abril de 2020, o publicit\u00e1rio Beto Viana foi pago para ir ao cercadinho do Alvorada questionar se Bolsonaro havia assistido \u00e0 entrevista do ent\u00e3o ministro da Sa\u00fade, Henrique Mandetta, na Globo. Bolsonaro respondeu que n\u00e3o assistia \u00e0 emissora. A resposta viralizou. A pergunta foi combinada previamente com seu contratante, identificado como Anderson. Segundo a reportagem, naquele mesmo dia, o publicit\u00e1rio recebeu R$ 1.100. A Folha tamb\u00e9m mostra que o governo sabia do combinado com o apoiador fake para garantir “livre acesso” a ele.<\/p>\n

Segundo investiga\u00e7\u00e3o da CPI da Pandemia<\/a>, o Foco do Brasil foi o maior beneficiado em verbas p\u00fablicas despejadas para publicidade no YouTube em canais cloroquiners \u2013 ou seja, que incentivavam o ineficaz tratamento precoce \u2013 em um per\u00edodo de sete meses durante o auge da pandemia. Do total de R$ 44 mil, repassados a 34 contas, o Foco do Brasil abocanhou R$ 9,3 mil. O fil\u00e9 de sua programa\u00e7\u00e3o eram os v\u00eddeos exclusivos de Bolsonaro, que ele recebia por WhatsApp direto de um assessor do presidente, T\u00e9rcio Arnaud Tomaz, um dos membros do chamado gabinete do \u00f3dio. Era uma via de m\u00e3o dupla<\/a>: o canal recebia grana, conte\u00fado e atuava como linha auxiliar da comunica\u00e7\u00e3o de Bolsonaro.<\/p>\n

\u201cA propaganda de conte\u00fado extremista no campo digital culmina, de fato, em a\u00e7\u00f5es subsequentes: as manifesta\u00e7\u00f5es reais contra o estado democr\u00e1tico de direito, criando um ciclo que se realimenta, com a difus\u00e3o das manifesta\u00e7\u00f5es pelos canais de internet dos produtores, que, por sua vez, s\u00e3o alardeados e replicados em perfis pessoais de redes sociais de agentes do estado, gerando mais visualiza\u00e7\u00f5es\u201d, afirmou a investiga\u00e7\u00e3o da Pol\u00edcia Federal no \u00e2mbito do inqu\u00e9rito dos atos antidemocr\u00e1ticos do STF.<\/p>\n

O canal n\u00e3o est\u00e1 na lista<\/a> dos que tiveram a monetiza\u00e7\u00e3o suspensa pelo YouTube ap\u00f3s uma decis\u00e3o do Tribunal Superior Eleitoral para tentar coibir fake news. Segundo o inqu\u00e9rito do STF, entre mar\u00e7o de 2019 e maio de 2020, o Foco do Brasil lucrou mais de 307 mil d\u00f3lares \u2013 mais de R$ 1,6 milh\u00e3o \u2013 com an\u00fancios no YouTube.<\/p>\n

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Canal foi investigado pela CPI da Pandemia e pelo STF por incentivar atos antidemocr\u00e1ticos. <\/p>\n

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