{"id":909265,"date":"2022-12-06T09:07:57","date_gmt":"2022-12-06T09:07:57","guid":{"rendered":"https:\/\/theintercept.com\/?p=416253"},"modified":"2022-12-06T09:07:57","modified_gmt":"2022-12-06T09:07:57","slug":"um-pais-que-aprendeu-a-valorizar-a-escola-so-que-a-de-tiro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/radiofree.asia\/2022\/12\/06\/um-pais-que-aprendeu-a-valorizar-a-escola-so-que-a-de-tiro\/","title":{"rendered":"Um pa\u00eds que aprendeu a valorizar a escola \u2013 s\u00f3 que a de tiro"},"content":{"rendered":"
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Ilustra\u00e7\u00e3o: Nicholas Steinmetz para o Intercept Brasil<\/p><\/div>\n

Durante meu ensino fundamental,<\/u> l\u00e1 na Escola Monsenhor Viana, zona norte recifense, o Dia do Professor era comemorado com uma festa em cada turma. Juntos, os docentes iam de sala em sala ouvir as homenagens de alunas e alunos, que tra\u00e7avam uma competi\u00e7\u00e3o velada entre classes para ver quem fazia o bolo mais incr\u00edvel, a decora\u00e7\u00e3o mais bonita, a fala mais emocionada. Era engra\u00e7ado ver o grupo, j\u00e1 entupido de docinhos e guaran\u00e1 depois de passar por quintas, sextas e s\u00e9timas s\u00e9ries, chegar at\u00e9 a oitava e aguentar uma nova rodada de salgados, refrigerantes e discursos inocentes, melosos \u2013 e completamente maravilhosos.<\/p>\n

Escrevo no masculino porque convencionou-se chamar o 15 de outubro “Dia do Professor”. Mas o correto \u2013 e \u00e9 assim que passarei a falar \u2013 seria “Dia da Professora”: s\u00e3o as mulheres a vasta maioria das pessoas que se dedicam ao ensino de crian\u00e7as, adolescentes e adultos neste pa\u00eds. Volto a falar sobre isso.<\/p>\n

Lembrei muito dessas festas no Monsenhor Viana quando li que foi justamente na sala das professoras da Escola Estadual de Ensino Fundamental e M\u00e9dio Primo Bitti que o atirador de 16 anos entrou no \u00faltimo dia 25, disparando contra as pessoas presentes. Ali, mirou e matou tr\u00eas mulheres. Maria da Penha Banhos, de 48 anos, e Cybelle Bezerra, de 45, morreram no local. Flavia Amboss, de 38, faleceria um dia depois.<\/p>\n

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O assassino seguiria, ornado com uma su\u00e1stica, at\u00e9 o Centro Educacional Praia de Coqueiro, uma escola particular. L\u00e1, abriu fogo contra tr\u00eas estudantes e matou a adolescente Selena Zagrillo, de 12 anos, aluna da sexta s\u00e9rie. Feriu ainda mais 13 pessoas, diversas delas, at\u00e9 o fechamento desta coluna, em estado grave.<\/p>\n

Menos de uma semana depois, um adolescente de 14 anos entrou na Escola Estadual Coronel Camilo Soares, em Ub\u00e1, Minas Gerais, com um machado e um martelo na mochila. Planejava matar outra mulher, a diretora da institui\u00e7\u00e3o. Uma den\u00fancia an\u00f4nima, felizmente, evitou que mais uma trag\u00e9dia acontecesse. Um m\u00eas antes, um rapaz de 15 anos entrou na Escola Professora Carmosina Ferreira Gomes, em Sobral, no Cear\u00e1, e atirou em tr\u00eas colegas<\/a>. Matou um, o estudante J\u00falio C\u00e9sar de Souza Alves, de 15 anos.<\/p>\n

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Pessoas reunidas na sala de professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e M\u00e9dio Primo Bitti.<\/p>\n

\nFoto: Reprodu\u00e7\u00e3o<\/p><\/div>\n

Estes ataques deveriam nos fazer estancar imediatamente o passo. Deveriam nos fazer olhar para a gente, para fora, para o que nos importa e para nossas prioridades como sociedade. Quando nos tornamos um pa\u00eds no qual s\u00e3o escolas e universidades, professoras, professores e estudantes os grandes alvos do \u00f3dio extremo e ao mesmo tempo da displic\u00eancia coletiva, dever\u00edamos, imediatamente, nos levantar.<\/p>\n

De cara, h\u00e1 uma \u00f3bvia correla\u00e7\u00e3o entre morte, educa\u00e7\u00e3o e g\u00eanero<\/b>. Assim como h\u00e1 uma \u00f3bvia correla\u00e7\u00e3o entre os extremismos e viol\u00eancia que aumentaram no Brasil e posi\u00e7\u00f5es de classe, ra\u00e7a, poder (e, novamente, g\u00eanero); entre as conquistas por mais espa\u00e7os com pessoas negras e a multiplica\u00e7\u00e3o de c\u00e9lulas nazistas<\/a>; entre a maior democratiza\u00e7\u00e3o do debate sobre feminismo e o crescimento do n\u00famero de mortes de mulheres, inclusive dentro da pr\u00f3pria casa durante a pandemia<\/a>.<\/p>\n

Sabemos que todos os movimentos contra uma sociedade menos desigual, mis\u00f3gina, transf\u00f3bica, racista \u2013 e, portanto, menos babaca \u2013 bateram em alt\u00edssimos muros, geralmente erguidos com boas doses de hipocrisia. S\u00f3 que nos \u00faltimos anos, gra\u00e7as ao atual mandat\u00e1rio-chefe do Executivo federal, a hipocrisia anda fartamente armada \u2013 e mira parte de sua f\u00faria nas escolas.<\/p>\n

O atentado em Aracruz \u00e9 um term\u00f4metro de nosso cinismo quando bradamos por mais educa\u00e7\u00e3o.<\/blockquote>\n

Somente os agentes das for\u00e7as de seguran\u00e7a (pol\u00edcias, bombeiros, Abin, Gabinete de Seguran\u00e7a Institucional, For\u00e7as Armadas, etc.) possuem 825 mil armas de uso pessoal, sem falar no equipamento usado no \u00e2mbito do trabalho. Os dados s\u00e3o do F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica e foram divulgados no \u00faltimo epis\u00f3dio do Foro de Teresina<\/a>. Era o caso do tenente da Pol\u00edcia Militar F\u00e1bio Castiglione, pai do assassino que atacou as escolas de Aracruz. Eram do PM a pistola .40, usada para cometer os crimes, al\u00e9m de um rev\u00f3lver calibre 38 tamb\u00e9m carregado pelo rapaz.<\/p>\n

Os \u00faltimos anos, ali\u00e1s, tamb\u00e9m mostraram o quanto amamos e valorizamos, sim, as escolas \u2013 mas as de tiro<\/a>. Antes do governo Bolsonaro, eram mil delas em solo nacional. Agora, somamos mais de 2 mil. Sa\u00edmos de 237 mil ca\u00e7adores, colecionadores e atiradores, os chamados CACs, para 687 mil. Segundo o Instituto Sou da Paz,<\/a> s\u00e3o mais de 1 milh\u00e3o de armas circulando no pa\u00eds, contra 330 mil em 2018. Foi com uma delas, registrada em nome de um CAC, que Julio C\u00e9sar foi assassinado em Sobral.<\/p>\n

Tudo isso adiciona uma terr\u00edvel camada de sentido e a\u00e7\u00e3o terrorista sobre uma popula\u00e7\u00e3o que finge se importar com educa\u00e7\u00e3o, enquanto quase nunca se mobiliza efetivamente contra enormes cortes de verbas na merenda e infraestrutura escolar, por exemplo. Um ex\u00e9rcito de gente que fala sobre a import\u00e2ncia da educa\u00e7\u00e3o quando est\u00e1 pouco se lixando para os sal\u00e1rios das redes municipais e estaduais de ensino. Mais: uma popula\u00e7\u00e3o que apoiou massivamente que se filmassem professoras e professores em sala de aula para denunci\u00e1-los, como se fossem criminosos em potencial, \u00e0 espreita de atacar fam\u00edlias. Tudo isso, sabemos, quase sempre esperando que as escolas resolvam sozinhas quest\u00f5es de ordem social e familiar, como a falta de acesso \u00e0 boa alimenta\u00e7\u00e3o, a inseguran\u00e7a, a viol\u00eancia dom\u00e9stica, o racismo, etc.<\/p>\n

O que houve em Aracruz \u00e9, entre a s\u00e9rie de 12 ataques a escolas <\/a>nos \u00faltimos anos, um term\u00f4metro que mede nosso cinismo quando bradamos por mais educa\u00e7\u00e3o e valoriza\u00e7\u00e3o da fam\u00edlia. H\u00e1 pouqu\u00edssimo tempo, nos levantamos “contra a corrup\u00e7\u00e3o”, enquanto menosprezamos completamente a eloquente not\u00edcia de que 75% dos royalties do petr\u00f3leo<\/a> iriam, especificamente, para os gastos com escolas e estudantes. Gostaria, ali\u00e1s, de mostrar por meio de um simples print o quanto costumamos a ser mesquinhos e levianos sobre o assunto:<\/p>\n

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Esta \u00e9 uma manchetinha de O Globo<\/a> em setembro de 2013. Em agosto daquele ano, uma lei sancionada pela ent\u00e3o presidente Dilma destinou 50% do Fundo Social do Pr\u00e9-Sal para a educa\u00e7\u00e3o. Essas medidas foram praticamente ignoradas por uma imprensa muito mais afeita a registrar este ou aquele melindre do mercado do que a realizar coberturas sobre pol\u00edticas p\u00fablicas de impacto para a maioria da popula\u00e7\u00e3o. Quando mostradas, vinham com um impulsionador da antipol\u00edtica, como o tal “Presidente n\u00e3o mencionou den\u00fancias de espionagem”.<\/p>\n

Em junho deste ano, o atual presidente encaminhou ao Congresso um projeto de lei desobrigando<\/a> a destina\u00e7\u00e3o dos recursos do pr\u00e9-sal para a sa\u00fade e a educa\u00e7\u00e3o. O pessoal de verde e amarelo que j\u00e1 bradou por melhorias no ensino, mas tem mesmo tes\u00e3o \u00e9 por golpe militar, ficou quietinho. O pessoal de verde e amarelo, que se arrepia de horror ao ouvir o nome de Paulo Freire, tamb\u00e9m n\u00e3o fez barulho quando descobriu que um dos livros recomendados pelo PM ao filho assassino em Aracruz foi escrito por Hitler<\/a>.<\/p>\n

Tamb\u00e9m n\u00e3o houve alarde social e midi\u00e1tico<\/a> quando o ensino p\u00fablico profissional foi desmontado no governo Temer. Esse fator \u00e9 mostrado em uma an\u00e1lise<\/a> feita em 2017 de uma unidade de ensino profissional em Acara\u00fa, no Cear\u00e1, na qual o ensino t\u00e9cnico estava integrado ao ensino m\u00e9dio. Na pesquisa, um dos estudantes entrevistados comemora que, com a forma\u00e7\u00e3o t\u00e9cnica, j\u00e1 podia trabalhar como profissional aut\u00f4nomo e, antes mesmo da conclus\u00e3o do ensino m\u00e9dio, havia entrado na universidade p\u00fablica.<\/p>\n

O governo Temer, no entanto, findou o modelo com a Lei 13.415\/2017. Com ela, o aluno ou a aluna tem que optar por uma \u00e1rea espec\u00edfica de forma\u00e7\u00e3o, e a educa\u00e7\u00e3o profissional \u00e9 uma delas. Desvinculou-se educa\u00e7\u00e3o e trabalho, ao contr\u00e1rio do que fazia a Lei n\u00ba 11.741\/2008, de integra\u00e7\u00e3o entre o ensino m\u00e9dio e t\u00e9cnico, sancionada no governo Lula.<\/p>\n

\u00c9 preciso manter as crian\u00e7as malnutridas e mal ensinadas para garantir m\u00e3o de obra a quem acessa ensino e alimenta\u00e7\u00e3o de qualidade.<\/blockquote>\n

Aqui, eu volto para a quest\u00e3o do g\u00eanero: essa cobertura mal ajambrada sobre pol\u00edticas p\u00fablicas no ensino, que tanto reflete quanto constr\u00f3i o real interesse nacional sobre o tema, tem impacto negativo principalmente entre as mulheres, que somam mais de 80% da popula\u00e7\u00e3o docente<\/a> no Brasil. De acordo com o Censo Escolar de 2020, apesar de ocuparem essa enormidade de espa\u00e7o \u2013 fen\u00f4meno conhecido como a feminiza\u00e7\u00e3o do ensino \u2013, elas recebem 12% a menos que os homens. Isso se explica pelo fato de as mulheres professoras povoarem principalmente os n\u00edveis escolares mais baixos e as regi\u00f5es com menor sal\u00e1rio.<\/p>\n

Na educa\u00e7\u00e3o infantil, 96% s\u00e3o professoras. No ensino m\u00e9dio, esse n\u00famero cai para 58%. No ensino superior, elas, que s\u00e3o maioria populacional no pa\u00eds, ocupam 43% dos postos. Quando, no \u00faltimo, relacionamos essa presen\u00e7a \u00e0 ra\u00e7a, o n\u00famero despenca. Um artigo<\/a> com base em dados do Inep de 2016 mostrou que a feliz ocupa\u00e7\u00e3o de pessoas negras nas federais n\u00e3o se reflete na doc\u00eancia. Ali\u00e1s, tanto nas universidades p\u00fablicas quanto privadas, dos 383.683 docentes, apenas 1,34% declararam-se negras ou negros. Na p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o, o censo mostrou que as mulheres negras n\u00e3o chegam a 3% do corpo docente. Eu fa\u00e7o parte desse time de poucas e hoje, dentro de uma institui\u00e7\u00e3o de ensino superior, percebo que ocupamos um espa\u00e7o de dualidade \u00fanica, no qual somos encaradas tanto com respeito quanto como amea\u00e7a.<\/p>\n

Em fevereiro deste ano, de olho na reelei\u00e7\u00e3o e em disputa com diversos prefeitos e governadores que seguiram os protocolos contra o coronav\u00edrus, o presidente assinou a portaria do novo Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magist\u00e9rio P\u00fablico da Educa\u00e7\u00e3o B\u00e1sica. Fixou o valor em R$ 3.845,63 para 2022. Em diversas cidades e estados, os profissionais tentam transformar a quantia em realidade<\/a>.<\/p>\n

A ignor\u00e2ncia, o descaso e a viol\u00eancia destinados aos espa\u00e7os de ensino no Brasil, principalmente os p\u00fablicos, revelam um bocado de nosso ethos classista e meritocr\u00e1tico. O \u00f3dio \u00e0 pobreza e o racismo s\u00e3o pedras fundamentais dos discursos anticorrup\u00e7\u00e3o \u2013 balizados pela imprensa \u2013 que na verdade est\u00e3o pouco se lixando para o que se passa nas redes municipais e estaduais de ensino e que adoram perseguir as universidades. <\/p>\n

Uma not\u00edcia sobre crian\u00e7as dividindo um \u00fanico ovo na merenda escolar \u00e9 s\u00f3 mais uma not\u00edcia sobre crian\u00e7as pobres passando perrengue na escola. \u00c9 preciso mant\u00ea-las malnutridas e mal ensinadas, e assim garantiremos m\u00e3o de obra farta e barata para atender aos futuros pedidos de quem acessa o ensino e a alimenta\u00e7\u00e3o de qualidade. Um especial do coletivo de jornalismo O Joio e o Trigo<\/a>, ali\u00e1s, mostra bem as negocia\u00e7\u00f5es, avan\u00e7os e retrocessos envolvidos nas merendas brasileiras.<\/p>\n

\u00c9 um cen\u00e1rio que explica bem por que, em frente aos quart\u00e9is, milhares de “patriotas” est\u00e3o gritando por “socorro” e mostram-se assustados com o “comunismo”, enquanto ignoram as priva\u00e7\u00f5es recorrentes no ensino e os ataques a tiros em nossas escolas. O assassinato de mulheres, jovens e crian\u00e7as. Nunca foi pelo Brasil com educa\u00e7\u00e3o de qualidade, sejamos sinceras. Foi, quase sempre, sobre o sufoco de ter que lavar os pr\u00f3prios pratos e n\u00e3o comprar o carro autom\u00e1tico do ano, uma vez que escolas e universidades, estas sim, amea\u00e7am desmontar a estrutura de privil\u00e9gios que as e os patriotas, nas ruas, nas empresas e nas reda\u00e7\u00f5es, aprenderam a amar.<\/p>\n

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Caso Aracruz revela hipocrisia de parte dos brasileiros sobre a educa\u00e7\u00e3o: levantam-se contra livros de Paulo Freire, mas se calam sobre o de Hitler.<\/p>\n

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