Pesquisadores, professores e ativistas de todo o país lançaram nesta terça-feira, 16 de agosto, uma carta em defesa da soberania digital. Endereçado a Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, o documento diz que o Brasil não pode continuar com seu “rumo tecnológico ditado pelas consultorias internacionais ligadas à big techs”.
A mensagem, assinada por mais de 90 pessoas, critica o modelo de concentração de mercado em que gigantes transnacionais extraem dados sensíveis e de grande valor econômico da população brasileira para alimentar seus sistemas algorítmicos – e, assim, venderem produtos em “condições assimétricas e abusivas”.
“Na raiz dos arranjos de vigilância e coleta de dados, que guiam o modelo de negócio das grandes plataformas internacionais de tecnologia, estão processos de extração de conhecimentos e informações, os quais acentuam e potencializam relações de exploração do trabalho e de contratos comerciais”, diz o documento.
Como exemplo, os pesquisadores citam o caso das universidades públicas brasileiras, que adotaram docilmente o Google Workspace for Education, pacote oferecido pelo Google como “gratuito e ilimitado”, e acabaram reféns quando a big tech resolveu começar a limitar e cobrar pelo serviço. Para eles, o Brasil está em “situação de extrema vulnerabilidade” em relação à segurança de sua produção científica e tecnológica.
A carta pede uma série de medidas para incentivar a pesquisa e o desenvolvimento nacionais de tecnologia. Uma delas é a criação de uma infraestrutura federada para hospedar dados em universidades e centros de pesquisa brasileiros, além de data centers que permitam manter dados no território nacional. Também há o pedido de programas de formação, de resgate e recuperação da Telebras e de incentivo e criação de arranjos tecnológicos locais para superar a “precarização do trabalho trazida pelas big techs”, além de cooperativas de trabalhadores e outros arranjos.
Leia aqui a carta.
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